Freguesias: Pequenas aldeias de Barcelos aceitam união mas querem manter nomes

As aldeias menos populosas de Barcelos, o concelho do país com mais freguesias (89), já se preparam para uma possível união ou associação, mas ninguém quer falar em fusão nem admite perder o nome da terra.

Foto: apcoelho

Pedro Passos Coelho anunciou dia 09, no encerramento do Congresso da Associação Nacional de Municípios, que, “sem prejuízo da identidade própria de cada freguesia, o Governo pretende promover a associação de freguesias, tendo em vista a redução substancial do seu número”.

“Concordo que se faça a reorganização geográfica de freguesias, desde que se mantenham dois pressupostos: a identificação e a representatividade”, disse à agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Góios, Nuno Oliveira.

Góios, Pedra Furada, Gueral e Courel, cada uma com cerca de 500 habitantes, são freguesias do concelho de Barcelos que já partilharam em tempos uma Casa do Povo e onde os atuais autarcas, todos do PSD, têm conversado sobre uma possível associação.

“O modelo seria a associação de freguesias, com Góios, Pedra Furada e Gueral, por exemplo”, referiu Nuno Oliveira, frisando que, contudo, o nome de cada freguesia “tem de ficar sempre, porque isso é um fator de extrema importância para as pessoas”.

Segundo o autarca, a população estará recetiva a uma gestão conjunta de freguesias, atendendo às ligações que existem entre populações vizinhas, até porque também o pároco já é partilhado por várias freguesias.

Mesmo ao lado, na freguesia de Pedra Furada, o autarca local, Luciano Martins da Silva, tinha de
finido como principais objetivos para este primeiro mandato a construção da sede da junta e o alargamento do cemitério, mas reconheceu que agora “não é aceitável até” avançar com a sede.

“Estou de acordo que haja não propriamente uma extinção das freguesias, mas uma reorganização administrativa”, afirmou, propondo que o edifício da antiga Casa do Povo de Pedra Furada, onde há dois meses encerrou uma extensão local de saúde, venha a albergar a sede da futura associação.

Quem também concorda com um “reagrupamento” de freguesias é António Herculano, proprietário do Restaurante Pedra Furada, referenciado no Guia Michelin e paragem “obrigatória” para quem percorre o Caminho Português de Santiago.

António Herculano realçou que a Assembleia Municipal de Barcelos é, provavelmente, a maior do país, porque, além dos membros eleitos diretamente, tem 89 presidentes de junta, que são deputados municipais por inerência.

Um pouco mais à frente, mas já na freguesia de Góios, a proprietária de uma casa de ferragens, Anabela Ferreira, também reconheceu as vantagens de junção de freguesias pequenas, mas salientou que a população ficaria “triste” se a sua freguesia fosse extinta.

Exemplo da mobilidade entre populações vizinhas, é também em Góios que trabalha o presidente da Junta de Freguesia de Gueral, Manuel Eusébio Ferreira.

“O nome de cada freguesia deve continuar”, defendeu o autarca, admitindo que, contudo, possa haver uma “junção” administrativa de várias freguesias.

17-07-11 - Correio do Minho

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